sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O Papa e o aborto

Nesta última quinta feira saiu um pronunciamento do Papa Bento dizendo que "Os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas" e incentivando os bispos e padres a pregarem contra o aborto nos âmbitos políticos e legais.
Respeito a opinião dele, mas divirjo e acho que esse é mais um dos motivos para eu não ser católica. Não posso garantir que teria a mesma opinião se a polêmica estivesse sobre o candidato Serra, mas tenho quase certeza que sim. Minha visão religiosa me dá a certeza de que aborto não é uma coisa boa, que prejudica a criança (atrasa a evolução e a encarnação, e corta laços que já se formam durante a gravidez) e a mãe, uma vez que ela sofre física e moralmente a vida toda, vai ter que assumir as consequências desse ato no plano espiritual e pode inclusive vir a ser estéril em próximas reencarnações. Essa visão faz com que eu tenha descartado da minha vida qualquer possibilidade de fazer um aborto. Os cartazes nas paredes do Centro Espírita, os livros que leio, como o recém citado Pinga-Fogo, foram suficientes para mudar a minha opinião, pois antes não achava o aborto muito grave. Esse, ao meu ver, é o papel da religião. Falar no assunto, mostrar porque não é bom. Para uma religião convincente, isso já basta.
Como este é um tema moral, religioso, nossa visão pessoal não deve afetar as leis. Se quisessemos seguir as leis da Igreja Católica o Vaticano precisaria ser bem maior, não é? É importante lembrar que o Brasil é um Estado laico. Isso entra no tema de não ter imagens santas nos locais públicos, por exemplo. Que mal há nisso? Não é uma ação contra Deus. É uma ação a favor dos evangélicos e protestantes, que acham imagens santas um erro e que representam boa parte da população. É muito mais a favor deles, do que de ateus. Por isso, legalizar o aborto não é uma ação contra Deus. O aborto pode ser contra os desígnios de Deus para mim, mas não necessáriamente é para outras pessoas, de outras religiões. Acho que todas as Igrejas seriam mais eficientes se dentro da sua crença, durante seus encontros, explicassem por A+B que o aborto não é bom. É muito fácil usar a bengala da leis para suprir suas deficiências.
Acho que o Papa devia conhecer melhor os últimos anos do Brasil, quando muito menos crianças morreram de fome, antes de dar esta declaração. Acho que o Papa devia falar e incluir nas suas preces todos os dias, pensamentos contra o aborto, e também contra a pedofilia.

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